Rev Andal Med Deporte. 2020; 13(1): 16-20
|
Revista Andaluza de Medicina del Deporte
https://ws208.juntadeandalucia.es/ojs |
|
Original Monitoramento do programa academia da saúde de 2015 a 2017 S. M. Wolkera, P. F. Sandreschia, C. Tomickia, L. M. Konrada, E. Naiara Quadrosa, C. G. Ribeiroa, J. B. Bezerrab, P. V. de Souzac, E. C. Maciela, D. K. Alencard, T. R. B. Benedettia
a Programa de Pós-Graduação em Educação Física. Universidade Federal de Santa Catarina. Brasil. b Universidade Federal do Pará. Brasil. c Graduação em Educação Física. Universidade Federal de Santa Catarina. Brasil. d Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Brasil. INFORMAÇãO sobre o artigo: Recebido a 19 de outubro de 2018, aceite a 10 de setembro de 2019, online a 17 /09/2019 |
|
RESUMO |
O objetivo foi analisar a implementação do Programa Academia da Saúde ao longo de três anos (2015 a 2017). Os dados são do monitoramento anual da implantação do programa no Brasil, por questionários respondidos pela gestão estadual, municipal e dos polos. Foram analisados os polos por região, profissionais atuantes, ações desenvolvidas e público-alvo. Análise descritiva e análise inferencial foram realizadas para diferenças das proporções. Observou-se um aumento na taxa de resposta ao monitoramento, especialmente na região nordeste; mais de 88% dos polos mantiveram em maior proporção profissionais de educação física; houve aumento significativo da oferta de práticas corporais e atividade física (2015 vs 2016) e, redução nas ações em alimentação (2015 vs 2016), práticas integrativas complementares (2015 vs 2016) e no atendimento à idosos (2015 vs 2017). Há uma disparidade na implementação do programa nas regiões ao longo dos anos e o monitoramento poderá contribuir para estratégias em promoção de saúde. Palavras-chave: Saúde Pública. Promoção de saúde. Atividade motora. |
Monitorización del programa Academia de Salud de 2015 a 2017
RESUMEN |
Analizar la implementación del Programa Academia de la Salud a lo largo de tres años (2015 a 2017). Los datos pertenecen al seguimiento anual de la implantación del Programa Academia de Salud en Brasil, por medio de cuestionarios respondidos por administraciones del estado, município y de los polos. Las variables investigadas fueron número de polos por región, profesionales actuantes, acciones desarrolladas y público objetivo atendido. Se realizó un análisis descriptivo de frecuencia absoluta y relativa como también, una análisis inferencial para las diferencias de las proporciones entre los años. Hubo un aumento en el número de polos, destacando la región nordeste; más del 88% de los pueblos mantuvieron en mayor proporción profesionales de educación física; hubo un aumento significativo de la oferta de prácticas corporales y actividad física (2015 vs 2016) y reducción en las acciones en alimentación (2015 vs 2016), prácticas integradoras complementarias (2015 vs 2016) y en la atención a los ancianos (2015 vs 2017). Se observó una disparidad en las regiones que adoptaron el programa a lo largo de los años, y el monitoreo puede contribuir a las estrategias de promoción de la salud. Palabras clave: Salud Pública; Promoción de la salud; Actividad motora.
|
Monitoring the Health Academy program from 2015 to 2017
ABSTRACT |
To analyze the implementation of the Health Academy Program over three years (2015 to 2017). The data is taken from the annual monitoring of the application of poles of the Health Academy Program in Brazil through questionnaires answered by the state, cities and poles management. The variables investigated were number of poles per region, active professionals, developed actions and target audience attendance. We performed a descriptive analysis of absolute and relative frequency and inferential analysis to the differences in proportions among the years. Monitoring response rate increased, especially in the northeast region; more than 88% of the poles maintained a higher proportion of physical education professionals; significant increase in actions of corporal practices and physical activity (2015 vs 2016) and reduction in actions on food (2015 vs 2016), complementary integrative practices (2015 vs 2016) and care for the elderly (2015 vs 2017).There has been a disparity in the regions that adopted the program over the years and the monitoring may contribute to health promotion strategy. Keywords: Public health; Health promotion; Motor activity. |
Introdução
Desde o Plano Nacional de Saúde (2004-2007)1 o governo tem incentivado o desenvolvimento de programas de promoção da saúde2,3. Em 2006, foi lançada a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) que apresenta diretrizes em todos os níveis de complexidade, em especial na Atenção Primária à Saúde (APS)4-6.
Foram repassados cerca de R$ 171 milhões, de 2006 a 2010, para todas as regiões do país para que gestores públicos desenvolvessem ações de promoção da atividade física7. Essas ações entraram na agenda prioritária da PNPS o que garantiu financiamento para iniciativas locais3. A partir de 2011 foram definidas novas modalidades de repasse de recurso, buscando ações continuadas, sustentáveis e universais, culminando na implantação do Programa Academia da Saúde8.
Inicialmente o objetivo do Programa Academia da Saúde era contribuir para a promoção da saúde da população, por meio da implantação de polos com infraestrutura, equipamentos e profissionais qualificados para a orientação de práticas corporais e atividade física de lazer e modos de vida saudáveis8. Posteriormente, ocorreu a ampliação do objetivo passando a ter um foco em ações intersetoriais e multidisciplinares para além das práticas corporais e atividade física, abrangendo fatores como cultura, alimentação, integração e outras ações, revogando a portaria anterior9.
Desse modo, havia uma projeção para que, até 2015 fossem implantados polos em 4000 municípios10. Até julho de 2012, um total de 2.074 municípios foram contemplados com recursos para a implantação do Programa Academia da Saúde em todo o país11 e em 2017 o número de polos habilitados foi de 4.27112.
O referido programa é uma política que se alinha aos eixos da PNPS e tem recebido incentivos cada vez maiores ao longo dos anos. Os monitoramentos anuais do programa apresentam o cenário nacional da implementação (polos habilitados, em obras, similares e em funcionamento) e suas características13-15. No entanto, nenhum estudo investigou as mudanças ocorridas ao longo dos anos dos polos em funcionamento (2015, 2016 e 2017), para que o programa possa ampliar suas ações em regiões menos favorecidas, e até mesmo identificar se houve mudanças significativas na oferta de ações em promoção de saúde, público-alvo atendido e profissionais envolvidos16. Para tanto, o objetivo deste estudo foi analisar a implementação do Programa Academia da Saúde ao longo de três anos (2015, 2016 e 2017).
Método
Os dados analisados por este estudo são oriundos do monitoramento da implantação dos polos em funcionamento do Programa Academia da Saúde no Brasil. O banco de dados foi cedido pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde mediante aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina, parecer nº 2.252.884, CAEE: 67635917.3.0000.0121.
O monitoramento é realizado anualmente via FormSUS13-15, uma plataforma online do DATASUS do Sistema Único de Saúde no Brasil. O Departamento de Atenção Básica desenvolveu três questionários que devem ser respondidos pela gestão estadual, municipal e dos polos. Para obtenção das informações, o Ministério da Saúde envia links de acesso às Secretarias Estaduais de Saúde as quais mobilizam os municípios, que por sua vez repassam aos polos para o preenchimento dos formulários.
No ano de 2015, 782 (32.3%) municípios brasileiros que responderam ao monitoramento tinham polos do Programa Academia da Saúde em funcionamento13, em 2016 foram 2454 (86.2%)14 e, no ano de 2017 2496 (93.2%) com polos em funcionamento15. Nos relatórios dos monitoramentos não constam o número de polos do Programa Academia da Saúde por região ou município, portanto os dados apresentados tratam das proporções com base no número de polos respondentes por ano (2015, 2016 e 2017) 13-15.
Neste estudo foram consideradas as questões respondidas pelos gestores ou profissionais dos polos que estavam em funcionamento e responderam aos monitoramentos realizados nos anos de 2015, 2016 e 2017. As variáveis incluídas foram número de polos por regiões (quantidade); identificação dos profissionais atuantes nos polos como profissional de educação física, nutricionista, assistente social, fisioterapeuta, psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional (TO) e outros; ações desenvolvidas nos polos considerando – ações de práticas corporais e atividade física, ações voltadas à alimentação adequada e saudável e ações de práticas integrativas complementares (PICs); e o público-alvo atendido (crianças, adolescentes, adultos e idosos). Para todas as variáveis foi considerada a opção de resposta ‘sim’ do formulário, exceto para número de polos por região (número absoluto).
Para análise, realizou-se estatística descritiva (frequência absoluta e relativa) para números de polos das regiões e frequência relativa para demais variáveis em cada ano investigado (2015, 2016 e 2017). Análise inferencial foi realizada no software MedCalc® por meio do teste Qui-quadrado “N-1” para comparar as diferenças de proporções entre os anos e foi adotado nível de significância de 5%.
Resultados
O número de polos do Programa Academia da Saúde no Brasil que responderam ao monitoramento no período de 2015 (n=856), 2016 (n=1.372) e 2017 (n=1.664) aumentou 1.9 vezes (n=808). No Nordeste maior proporção de polos respondeu ao monitoramento em 2015 (44.2%), reduziu em 2016 (35.3%) (p<0.01) e se manteve em 2017 (35.8%). No Sudeste, as proporções de polos respondentes se mantiveram iguais de 2015 (27.6%) para 2016 (31.2%), mas reduziram de 2016 para 2017 (p=0.02). No Sul foi observado um aumento significante de polos que responderam ao monitoramento de 2015 (16.2%) para 2016 (19.7%) (p=0.03) e as proporções se mantiveram de 2016 para 2017 (19.0%). O Norte apresentou aumento apenas entre 2016 (6.6%) e 2017 (9.7%) (p<0.01) e no Centro-oeste foi verificada a mesma proporção ao longo do período analisado (6.9% em 2015; 7.2% em 2016; 8.1% em 2017) (Figura 1).
Figura 1. Polos do Programa Academia da Saúde por região de 2015, 2016 e 2017.
O profissional de Educação Física está presente em mais de 88% dos polos em todo o período, sem diferença significante entre os anos (88.0% em 2015; 90.5% em 2016; 88.8% em 2017). Houve um aumento gradativo da presença de fisioterapeutas, atuando em 48.1% dos polos em 2015, para 55.0% em 2016 (p<0.01) e 58.6% em 2017 (p=0.04). Nos anos de 2015 a 2016 aumentou a proporção de polos com profissionais de nutrição (p<0.01), psicologia (p<0.01), fonoaudiologia (p<0.01) e serviço social (p<0.01); todas as proporções se mantiveram de 2016 a 2017. Não foi observada diferença estatisticamente significante ao longo dos anos para os profissionais TO e outras profissões (Tabela 1).
Tabela 1. Perfil de polos do Programa Academia da Saúde implantados em 2015, 2016 e 2017.
Variáveis |
Período analisado (anos) |
||
2015 |
2016 |
2017 |
|
Número de Polos |
f (%) |
f (%) |
f (%) |
Brasil |
856 (100) |
1372 (100) |
1664 (100) |
Nordeste |
378 (44.2)a |
484 (35.3)b |
596 (35.8)b |
Sudeste |
236 (27.6)a,b |
428 (31.2)b |
456 (27.4)a |
Sul |
139 (16.2)a |
270 (19.7)b |
316 (19.0)a,b |
Centro-oeste |
59 (6.9)a |
99 (7.2)a |
135 (8.1)a |
Norte |
44 (5.1)a |
91 (6.6)a |
161 (9.7)b |
Profissionais |
|
|
|
Profissional de EF |
753 (88.0)a |
1241 (90.5)a |
1477 (88.8)a |
Fisioterapeuta |
412 (48.1)a |
755 (55.0)b |
975 (58.6)c |
Nutricionista |
382 (44.6)a |
742 (54.1)b |
906 (54.4)b |
Psicólogo |
251 (29.3)a |
579 (42.2)b |
703 (42.2)b |
Assistente Social |
188 (22.0)a |
447 (32,6)b |
543 (32,6)b |
Fonoaudiólogo |
102 (11.9)a |
250 (18.2)b |
291 (17.5)b |
TO |
52 (6.1)a |
101 (7.4)a |
119 (7.2)a |
Outros |
109 (12.7)a |
166 (12.1)a |
225 (13.5)a |
Eixos das ações |
|
|
|
PC e AF |
825 (96.4)a |
1353 (98.6)b |
1643 (98.7)b |
Alimentação |
775 (90.5)a |
1124 (81.9)b |
1360 (81.7)b |
PICs |
489 (57.1)a |
183 (13.3)b |
296 (17.8)c |
Público atendido |
|
|
|
Crianças |
328 (38.3)a,b |
533 (38.8)b |
647 (35.0)a |
Adolescentes |
647 (75.6)a,b |
1049 (76.5)b |
1213 (72.9)a |
Adultos |
845 (98.7)a |
1354 (98.7)a |
1639 (98.5)a |
Idosos |
844 (98.6)a |
1342 (97.8)a,b |
1617 (97.2)b |
Médias seguidas por letras iguais não diferem ao nível de significância de 5% pelo teste Qui-quadrado “N-1”. f: frequência absoluta; %: frequência relativa; EF: educação física; TO: terapeuta ocupacional; PC: práticas corporais; AF: atividade física; PICs: práticas integrativas complementares.
Em média, 97.9% dos polos ofereciam ações de práticas corporais e atividade física, apresentando um aumento de 2015 (96.4%) para 2016 (98.6%; p<0.01). No período de 2015 ações em alimentação foram desenvolvidas em 90.5% reduzindo para 81.9% em 2016 (p<0.01). Houve redução em 43.8% na oferta das PICs de 2015 para 2016 (p<0.01) e, posterior aumento significante para 2017 (57.1% em 2015; 13.3% em 2016; 17.8% em 2017) (p<0.01) (Tabela 1).
Aproximadamente 98% dos polos atendiam adultos e idosos em todos os anos. Foi observada uma redução da proporção de atendimento a crianças e adolescentes entre 2016 (38.8% e 76.5%) e 2017 (35.0% e 72.9%) (p=0.03 e p=0.02, respectivamente), e idosos em 2017 (97.2%) comparado a 2015 (98.8%; p=0.02). Não foram observadas diferenças estatísticas, entre os períodos, no atendimento aos adultos (Tabela 1).
Discussão
Entre os anos de 2015 e 2017 houve um aumento significante no número de polos Programa Academia da Saúde que responderam ao monitoramento, principalmente na região Nordeste do Brasil. Os profissionais de educação física mantiveram-se em maiores proporções ao longo dos três anos comparado aos demais profissionais. O público de adultos e idosos foram proporcionalmente mais presentes nos polos, e ações voltadas às práticas corporais e atividade física foram predominantes, sendo observado uma redução das ações em alimentação e PICs nos períodos analisados.
O Programa Academia da Saúde é um alicerce fundamental nas ações voltadas à promoção da saúde. Como a porta de entrada do SUS é a APS, programas desenvolvidos por profissionais nesse âmbito, que intencionam proporcionar uma vida mais saudável aos usuários, possuem grande responsabilidade junto às demais estratégias16-19. A melhoria da prestação de serviços na APS deve objetivar prioritariamente a diminuição das demandas, principalmente nos níveis secundário e terciário20. Com isso, o Programa Academia da Saúde assume um papel de protagonismo dentro da estrutura que se estabeleceu no SUS para proporcionar melhores níveis de saúde populacionais.
No ano de 2015 a 2017 aumentou o número de polos que responderam ao monitoramento e maior aumento foi observado na região Nordeste. Possivelmente, este fato pode ser explicado porque polos do Programa Academia da Cidade, implementados em Recife e Aracaju, podem ter sido registrados como similares no Programa Academia da Saúde21,22. Ademais, as cidades do Nordeste têm investido numa agenda de melhoria da mobilidade urbana e da saúde, o que talvez justifique o maior interesse nestas implantações23. Na região Norte ainda é baixa a proporção de polos em funcionamento que participaram do monitoramento, possivelmente por também ter menor número de municípios com polos habilitados.Outro estudo evidenciou que menos de 10% dos programas financiados pelo governo nacional, com foco em promoção de saúde, estão presentes nessa região24. Ainda, em revisão sistemática observou-se que investigações sobre programas de promoção de AF no SUS são inexistentes em cidades do Norte25. Portanto, sensibilizar os municípios e polos do Programa Academia da Saúde à participação nos monitoramentos pode ajudar a reduziras disparidades regionais e assim, direcionar futuros investimentos para as regiões com menor adoção no país.
Quanto aos profissionais atuantes nos polos do Programa Academia da Saúde, os de educação física mantiveram-se em maior proporção ao longo dos anos, sem diferenças significantes. Possivelmente, o grande incentivo inicial do programa as ações em práticas corporais e atividade física expliquem a presença desses profissionais8. Houve um aumento significante dos profissionais da nutrição entre os anos de 2015 e 2017, o que vai em direção às novas diretrizes do programa na ampliação das ações9. Em estudo com 914 gestores de municípios sobre os polos do Programa Academia da Saúde verificou-se que os profissionais de educação física e de nutrição são responsáveis por mais de 80% das ações desenvolvidas na APS11. Também foi observado aumento crescente de outras categorias profissionais ao longo dos anos, o que pode contribuir para ações integradas, estabelecendo uma rede de cuidado com o usuário7 em uma perspectiva multiprofissional17.
Em aproximadamente 98% dos polos que responderam ao monitoramento nos períodos analisados ofertavam ações para práticas corporais e atividade física, com aumento significante de 2015 para 2016. Em contrapartida, as ações em alimentação e nas PICs foram observadas reduções significantes no mesmo período. Possivelmente, a oferta das ações anualmente sejam pontuais e não sustentáveis no programa, o que poderia justificar as reduções nas ofertas encontradas. No Brasil, recentemente houve a publicação da Portaria n° 849, de 27 de março de 2017, na qual ampliou os procedimentos oferecidos nas PICs de cinco para 19 e isso pode contribuir para a implantação destas ações nos próximos anos26. Estudo destaca que as diretrizes do Programa Academia da Saúde são abrangentes no que tange às possibilidades de ações, mas restrita as orientações quanto ao seu planejamento, operacionalização e avaliação17. No entanto, o monitoramento do programa ainda não permite identificar a sustentabilidade das ações implementadas ao longo dos anos, para assim acompanhar e coletar dados de efetividade e custo-benefício.
Outro dado relevante foi a maior proporção de atendimento ao público de adultos e de idosos nos anos de 2015 a 2017 e uma redução na proporção de crianças e adolescentes atendidas no mesmo período. Possivelmente, os tipos de atividades ofertadas no programa ou os horários de atendimento em que as mesmas ocorrem, podem influenciar os interesses e oportunidades à diferentes faixas-etárias em detrimento de outras. Ademais, estudos também evidenciaram que programas e intervenções comunitárias no Brasil são mais prevalentes para pessoas com mais de 18 anos24,25. Investigações realizadas com usuários do Programa Academia da Cidade indicam a mesma direção quanto ao público atendido22,27. As crianças e adolescentes, além do Programa Academia da Saúde, têm acesso ao Programa Saúde na Escola (PSE), por meio da articulação entre o SUS e a educação, onde também são realizadas ações em promoção da saúde e do cuidado12. Nesse sentido, as crianças e adolescentes têm uma rede de apoio no âmbito da saúde pública onde são estimulados à prática de atividades físicas e alimentação saudável, o que por vezes pode reduzir a participação em outros programas.
O presente estudo apresenta como ponto forte a comparação no monitoramento ao longo de três anos de polos em funcionamento do Programa Academia da Saúde nos municípios brasileiros. Isso permite o direcionamento de investimentos públicos e investigações futuras para melhorias do processo de adoção e alcance do programa, além das estratégias, baseadas em evidências, para implementações de ações sustentáveis. Ainda, é possível contribuir com as evidências na América Latina, no que tange a programas de promoção de saúde no sistema público de saúde, em países de baixa e média renda, como o Brasil.
No entanto, algumas limitações foram observadas. As variáveis investigadas não fornecem informações quantitativas, que seja possível em número absoluto, determinar a amplitude destes dados ao longo dos anos. Ademais, os resultados devem ser analisados com atenção, devido as taxas apresentadas serem com base no número de polos que responderam ao monitoramento, o que pode ter influenciado o comportamento de algumas variáveis analisadas. Os respondentes deste monitoramento, também pode ter influenciado algum viés, caso gestores não tivessem o conhecimento das informações adequadas sobre as ações realizadas em todos os polos.
Sendo assim, o estudo mostrou que o aumento significante de polos em funcionamento do Programa Academia da Saúde que responderam aos monitoramentos, sendo em maior proporção na região do Nordeste do país. Os profissionais de educação física estão em maior proporção mantendo uma estabilidade ao longo dos anos. As ações são predominantemente de práticas corporais e atividade física, sendo observada uma redução de ações alimentares e PICs em períodos distintos. Idosos e adultos foi o público atendido em maior proporção em todo o período analisado. O monitoramento do Programa Academia da Saúde ainda é limitado, mas permite uma avaliação das suas próprias diretrizes, investimentos públicos em saúde e possibilita um direcionamento para elaboração de estratégias para disseminação e sustentabilidade do programa nos municípios brasileiros.
Autoria. Todos os autores contribuíram intelectualmente no desenvolvimento do trabalho,assumiram a responsabilidade do conteúdo e, da mesma forma, concordam com a versão final doartigo. Financiamento. Este estudo não obteve financiamento para publicação, porém alguns autores recebem individualmente bolsas de estudos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior—Brasil (PFS, CT e LMK) e Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (SWM). As agências de financiamento de bolsas de estudos não participaram da interpretação, análises, escrita e aprovação deste manuscrito. Conflito de interesses. Os autores declaram não haver conflito de interesses. Origem e revisão. Não foi encomendada, a revisão foi externa e por pares. Responsabilidades Éticas. Proteção de pessoas e animais: Os autores declaram que os procedimentos seguidos estão de acordo com os padrõeséticos da Associação Médica Mundial e da Declaração de Helsinque. Confidencialidade: Os autores declaram que seguiram os protocolos estabelecidos por seus respectivos centros para acessar osdados das histórias clínicas, a fim de realizar este tipo de publicação e realizar uma investigação / divulgação para a comunidade. Privacidade: Os autores declaram que nenhum dado que identifique o paciente aparece neste artigo.
Referências
∗ Autor para correspondência.
Correios eletrónicos: sofiawolker@gmail.com (S. M. Wolker).
https://doi.org/10.33155/j.ramd.2019.09.003
Consejerı́a de Educación y Deporte de la Junta de Andalucı́a. Este é um artigo Open Access sob uma licença CC BY-NC-ND (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/)