Original
Efeito do exercício de alongamento estático passivo contínuo versus fracionado sobre a força muscular
Efecto del ejercicio de estiramiento estático pasivo continuo versus fraccionado sobre la fuerza muscular
Effect of continuous versus fractionated passive static stretching exercise on muscle strength
S. Barbosa‐Netto , , M.B. Almeida
Departamento de Educação Física, L’esporte/NUPAFISE, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, Brasil
Recebido 13 Setembro 2015, Aceite 29 Abril 2016 , On-line 30 Julho 2016
Resumo
Objetivos

Verificar o efeito do exercício de alongamento estático passivo realizado sob dois protocolos (fracionado versus contínuo) com a mesma duração, sobre o número de repetições máximas com carga habitualmente utilizada nas sessões de treino para dez repetições no supino reto com barra livre.

Método

Um grupo de 16 homens (idade: 23.4 ± 2.8 anos; massa corporal: 81.8 ± 10.4 kg; estatura: 178.7 ± 2.6 cm) treinados e assintomáticos, que foram submetidos aos protocolos fracionado e contínuo. Para a análise dos efeitos dos exercícios de alongamento sobre a capacidade de gerar força foi utilizada a ANOVA para medidas repetidas com post hoc de Bonferroni.

Resultados

Não houve diminuição no desempenho no teste de repetições máximas, independentemente da situação testada (p = 0.842). Em todos protocolos, os indivíduos executaram em média 17 repetições máximas (desvio‐padrão variando entre 2.9‐3.6 repetições máximas), sem diferença entre si.

Conclusão

Executar um exercício de alongamento estático passivo durante 60 s, seja ele fracionado ou contínuo, não diminui o desempenho no teste de repetições máximas em relação à condição sem alongamento prévio.

Resumen
Objetivos

Verificar el efecto del ejercicio de estiramiento estático pasivo realizado bajo dos protocolos (fraccionado versus continuo) con la misma duración, en el número máximo de repeticiones con carga habitualmente utilizada en las sesiones de entrenamiento para diez repeticiones en el press de banca con barra libre.

Método

Un grupo de 16 hombres (edad: 23.4 ± 2.8 años, masa corporal: 81.8 ± 10.4 kg, altura: 178.7 ± 2.6 cm) entrenados y asintomáticos que se sometieron a los protocolos fraccionado y continuo. Para el análisis de los efectos de los ejercicios de estiramiento sobre la capacidad de generar fuerza se utilizó ANOVA para medidas repetidas con post hoc de Bonferroni.

Resultados

No hubo disminución en el rendimiento en el test de repeticiones máximas independientemente de la situación probada (p = 0.842). En todos los protocolos, los sujetos realizaron 17 repeticiones máximas en promedio (desviación estándar entre 2.9‐3.6 repeticiones máximas), sin diferencias entre ellos.

Conclusiones

Ejecutar un ejercicio de estiramiento estático pasivo durante 60 s, sea fraccionado o continuo, no disminuye el rendimiento en el test de repeticiones máximas en relación con la condición sin estiramiento previo.

Abstract
Objectives

To verify the effect of passive static stretching exercise, performed under two protocols (fractionated versus continuous) with the same duration, over the maximum number of repetitions with the weight normally used in training sessions for ten repetitions on the bench press

Method

A group of 16 trained and asymptomatic men (age: 23.4 ± 2.8 years, body mass: 81.8 ± 10.4 kg, height: 178.7 ± 2.6 cm) that underwent both the fractionated and the continuous protocols. In order to analyze the stretching exercise effects over the capacity to produce strength, ANOVA was used for the repeated measurements with Bonferroni's post‐hoc test

Results

There was no decrease in performance on the test of maximum repetitios regardless of the tested situation (p = 0.842). In all protocols, individuals performed an average of 17 maximum repetitions (standard deviation ranging between 2.9 and 3.6 maximum repetitions), with no difference between them

Conclusions

Performing a passive static stretching exercise during 60s, either fractionated or continuous, does not reduce the performance on the test of maximum repetitions in relation to the condition without previous stretch

Palavras‐chave
Exercício de força, Alongamento estático, Tempo de duração
Palabras clave
Entrenamiento de fuerza, Estiramiento estático, Duración
Keywords
Resistance exercise, Static exercise, Duration time
Introdução

Os exercícios de alongamento, geralmente, são utilizados antes da atividade principal com o objetivo de preparar a musculatura para os estímulos subsequentes 1,2 . Ainda que sem especificar o momento em que o alongamento deva ser executado, o American College of Sports Medicine (ACSM) 3 recomenda que esses exercícios sejam incluídos nas sessões dos programas de treinamento, no mínimo de 2‐3 vezes por semana. Além disso, sugere ainda que devem ser realizadas de 2‐4 séries de alongamento estático, sustentando a posição entre 10‐30 s e que a média de tempo total de alongamento seja de 60 s para cada exercício.

Por outro lado, alguns estudos têm sugerido que os exercícios de alongamento podem ser prejudiciais quando precedem os exercícios de força, uma vez que a capacidade de gerar força pode ser diminuída 4–6 . Um posicionamento do European College of Sports Science 7 concluiu que há fortes evidências de que uma série aguda de alongamento pode diminuir o desempenho em testes de esforços musculares máximos.

Dentro dessa perspectiva, Kay et al. 8 revisaram os possíveis efeitos agudos dos exercícios de alongamento sobre a capacidade de gerar força, mais precisamente os efeitos deletérios causados pelos exercícios de alongamento estático. Os autores concluíram que os exercícios de alongamento estático com duração igual ou superior a 60 s estão mais propensos a reduzir o desempenho da força e potência muscular. Contudo, não está claro se os 60 s mencionados pelos autores são contínuos ou fracionados, conforme as recomendações do ACSM e o modo de exercício mais realizado na prática cotidiana.

Portanto, o objetivo do presente estudo foi verificar o efeito do exercício de alongamento estático passivo realizado sob dois protocolos (fracionado vs. contínuo) com mesma duração, sobre o número de repetições máximas (RM) com carga habitualmente utilizada nas sessões de treino para dez repetições (RMCH) no supino reto com barra livre.

Método

Foram aptos a ingressarem no estudo indivíduos que praticavam exercício de força, mais precisamente musculação, há pelo menos seis meses e não possuíam comprometimento nas articulações do ombro, cotovelo e punho porque impossibilitaria a execução do exercício testado. Nenhum dos indivíduos estava participando de programa de alongamento. Para a coleta, cada participante foi solicitado a comparecer três dias não consecutivos (48‐72 h) ao local do estudo. O protocolo determinava a realização de um aquecimento padronizado, seguido de um exercício de alongamento. Após isso, os indivíduos foram convidados a executar as RMCH. Todos foram orientados a não realizar exercícios antes desses procedimentos. O protocolo do estudo foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em seres humanos.

Sujeitos

Um grupo de 16 homens (idade: 23.4 ± 2.8 anos, massa corporal: 81.8 ± 10.4 kg, estatura: 178.7 ± 2.6 cm) treinados e assintomáticos atenderam aos requisitos acima citados (amostra por conveniência). Os indivíduos costumavam treinar força durante aproximadamente 40 min, numa frequência semanal mínima de quatro vezes por semana. Foi realizada uma explicação acerca do estudo na qual foram expostos os possíveis benefícios e riscos durante o procedimento. Essas informações foram descritas no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), que foi lido e assinado pelos participantes interessados.

Após a assinatura do TCLE, os participantes foram indagados sobre idade, massa corporal, estatura e RMCH. Em seguida, deu‐se início ao procedimento.

Delineamento experimental

Os participantes foram avaliados em três dias:

Visita 1 – foi realizada a seguinte pergunta ao participante: «Com qual carga você executa dez repetições no supino reto?». Após a resposta, o avaliado executou um aquecimento específico do exercício testado que consistiu em uma série de dez repetições com 50% da carga mencionada pelo mesmo, e uma segunda série, 1 min depois, de cinco repetições com 70% da carga mencionada 9 . Em seguida, repousou por 2 min sentado no aparelho e, enquanto descansava, o avaliador colocou a carga dita pelo participante e o mesmo executou o exercício com supervisão do avaliador e com uma ressalva: execute o número de RM até a exaustão.

O participante executou o exercício em decúbito dorsal, retirando a barra com a carga que usualmente treina e fazendo uma abdução horizontal dos ombros e uma flexão do cotovelo até aproximadamente 90 °, com posterior abdução horizontal dos ombros e extensão dos cotovelos até a posição inicial. Somente foram contabilizadas as repetições que seguiram esse padrão de execução, ou seja, todos os movimentos foram considerados válidos se a barra foi mobilizada em sua amplitude completa. Após a execução das repetições, o participante colocou a barra no apoiador do aparelho e o procedimento foi finalizado.

Visitas 2 e 3 – a sequência destas visitas foi randomizada (fig. 1).

Figura 1.
(0.05MB).

Modelo do delineamento do experimento.RMCH: carga executa 10 repetições no supino reto.

Nesta fase, o procedimento seguiu o protocolo previamente descrito. A diferença foi a inclusão do exercício de alongamento entre o aquecimento e a execução das RMCH. Foi realizado exercício de alongamento da seguinte forma: os participantes ficaram de pé e alongaram o músculo peitoral maior (abdução horizontal de ombro) com auxílio da parede e sustentaram a posição na amplitude que o participante sinalizasse com um leve desconforto.

Protocolo 1 (3 × 20 s) – os indivíduos alongaram de forma ativa durante 20 s de exercício e 20 s de repouso. O exercício foi executado 3 vezes alternadamente, totalizando 60 s de atividade.

Protocolo 2 (1 × 60 s) – os indivíduos alongaram de forma ativa durante 60 s contínuos.

Análise estatística

Para idade, massa corporal e estatura foram calculadas média ± desvio‐padrão. Para a análise dos efeitos dos exercícios de alongamento sobre a capacidade de gerar força, foi utilizada a ANOVA one‐way para medidas repetidas seguido de post hoc de Bonferroni. Os dados foram também analisados quanto à tendência dos efeitos pós‐alongamento (aumento, redução ou sem alteração nas RMCH) por intermédio do teste de qui‐quadrado. Foi adotado um nível de significância de 5% e o software SPSS 20.0 (IBM, EUA) foi aplicado em todos os cálculos.

Resultados

Não houve diminuição no desempenho no teste de RM, independentemente da situação testada (p = 0.842). Em todos protocolos, os indivíduos executaram em média 17 RM (desvio‐padrão variando entre 2.9‐3.6 RM), sem diferença entre si (fig. 2).

Figura 2.
(0.07MB).

Comparação do número de repetições máximas no exercício supino reto com barra livre na situação controle (sem alongamento prévio) e após 60 segundos de alongamento fracionado e contínuo.

Foi identificada a frequência dos efeitos observados sobre o desempenho no teste de RM para cada indivíduo (aumento, redução ou sem alteração) após os dois protocolos de alongamento. O teste de qui‐quadrado não apresentou diferenças nas distribuições das frequências entre as situações testadas (p = 1.00). Contudo, nota‐se uma tendência a um aumento do número de repetições após o alongamento fracionado (56.3% da amostra), ao passo que o alongamento contínuo registrou tendência a redução da performance (50% da amostra) (fig. 3).

Figura 3.
(0.06MB).

Frequência de indivíduos que apresentaram ou não efeito no desempenho no teste de repetições máximas, após alongamento contínuo e fracionado, em relação à condição sem alongamento.

Discussão

O objetivo do estudo foi verificar o efeito do exercício de alongamento estático passivo realizado sob dois protocolos (contínuo vs. fracionado) com mesma duração, sobre as RMCH no supino reto com barra livre. O principal achado do estudo foi que o desempenho no teste de RM não foi afetado em nenhum dos dois protocolos. Dessa forma, entende‐se que executar um único exercício de alongamento durante 60 s, de maneira tanto fracionada como contínua, não diminui o desempenho no teste de RM em praticantes de treinamento de força.

A sequência do procedimento (aquecimento, alongamento e força) parece estar adequada para avaliarmos o efeito do exercício de alongamento sobre a capacidade de gerar força nesse estudo. No tocante ao aquecimento, há controvérsias na literatura científica. Ribeiro et al. 10 mostraram que aquecer de forma específica, geral ou combinada não apresentou diferenças significativas, quando comparados com o controle, no desempenho de homens treinados que utilizaram cargas submáximas (80% de 1 RM) no exercício supino reto. Por outro lado, estudos vêm mostrando melhoras significativas no desempenho da força muscular quando o aquecimento é realizado antes da atividade principal 11–13 .

Da mesma forma, os exercícios de alongamento foram executados após o aquecimento porque são mais efetivos quando a temperatura corporal ou tecidual está elevada 3 . Ademais, são o tipo de aquecimento e alongamento mais utilizados na prática do cotidiano. Sendo assim, essa ordem aparenta estar condizente porque estamos avaliando os efeitos da variável alongamento sobre a variável força. Desse modo, em nosso estudo, o aquecimento antecedeu o alongamento para evitar possíveis influências diretas do aquecimento sobre a performance muscular, o que poderia confundir em parte os resultados.

O tempo total de alongamento seguiu as recomendações do ACSM 3 para este tipo de atividade, levando‐se em consideração também que Kay et al. 8 propõem que alongamentos com duração inferior a 60 s não causam redução significativa no desempenho da força. Essas dois informações foram a base para a elaboração do método do presente estudo. Em adendo, o alongamento fracionado parece ser o mais comum na prática do cotidiano preservando, ao menos em parte, a validade ecológica do estudo.

Tricoli et al. 5 observaram que a capacidade de gerar força máxima em membros inferiores diminui cerca de 14% após uma sequência de exercícios de alongamento estático. Um grupo de 11 indivíduos fisicamente ativos, porém sem envolvimento com treinamento de força, foi submetido a dois condições: com e sem alongamento. Os sujeitos realizaram um aquecimento geral na esteira rolante (8 km/h sem inclinação), seguido de aquecimento específico do exercício leg press 45° (cinco repetições a 50% carga máxima estimada), para em seguida realizar o teste de carga máxima (1 RM). Na condição com alongamento, foram incluídos esses exercícios previamente ao aquecimento específico.

Comparando a condição alongamento do estudo acima citado com as do nosso estudo, podemos observar algumas diferenças. A principal delas é o tempo total dedicado aos exercícios de alongamento (540 vs. 60 s). O tempo de 540 s de alongamento específico para a musculatura testada parece ser demasiadamente longo e exaustivo quando a tarefa principal é a força. Outrossim, essa duração ultrapassa tanto o que é proposto nas diretrizes para prescrição de exercícios de alongamento, como também o tempo cotidianamente utilizado pelos praticantes de treinamento de força. O número de exercícios de alongamento utilizados para um mesmo grupo muscular também foi superior ao nosso, o que pode ter contribuído sobremaneira para redução da força. Cabe ainda destacar que outra diferença entre os protocolos dos estudos foi a utilização de teste de 1 RM, diferindo do presente estudo.

Um estudo similar ao nosso foi realizado por Franco et al. 14 , no qual os autores verificaram os efeitos dos exercícios de alongamento sobre a capacidade de gerar força no supino reto. Um grupo de homens treinados foi submetido a dois protocolos, um para verificar os efeitos do número de séries de alongamento, e o outro do tempo de duração desse estímulo sobre a performance da força. Para o primeiro objetivo, os indivíduos realizaram um exercício de alongamento estático passivo para o peitoral em três condições (1 × 20 s, 2 × 20 s, 3 × 20 s) antes de executar o exercício testado. Nenhuma diferença significativa foi encontrada no número total de repetições executadas nas condições acima citadas (10.8 ± 1.9; 10.7 ± 1.4; 11.3 ± 2.5, respectivamente).

Para o segundo objetivo, os participantes foram submetidos ao mesmo procedimento, a diferença foi na duração do exercício de alongamento (1 × 20 s vs. 1 × 40 s). A duração do estímulo apresentou diferença significativa no número total de repetições (10.3 ± 1.6; 9.1 ± 1.8, respectivamente). A principal diferença entre o protocolo dos autores e o nosso foi o tipo de alongamento. Os autores utilizaram o alongamento estático passivo, enquanto o nosso estudo utilizou o alongamento estático passivo. A opção do exercício de alongamento estático passivo no nosso protocolo aconteceu porque dados (ainda não publicados) do nosso laboratório identificaram que a maioria dos praticantes de treinamento de força realizam exercícios de alongamento sozinhos.

Em outro estudo, Ribeiro et al. 15 verificaram os efeitos agudos dos exercícios de alongamento estático sobre o desempenho de séries múltiplas no supino reto. Um grupo de 15 homens destreinados executou um exercício de alongamento estático para o peitoral e outro para o tríceps durante 30 s de forma unilateral, antes de executar o exercício supino reto até a falha concêntrica com 80% de 1 RM. Os autores observaram que os exercícios de alongamento não afetaram a capacidade de gerar força no supino reto. É importante salientar que Ribeiro et al. 15 contaram com uma amostra de homens destreinados, diferentemente do nosso estudo. Embora os indivíduos tenham passado pelas sessões de familiarização, é importante ressaltar a questão da adaptação neural do treinamento nas primeiras semanas 16 .

Outro ponto notado foi o método de avaliação do efeito do exercício de alongamento sobre a força no estudo de Ribeiro et al. 15 Os autores preconizaram o somatório das repetições ao longo das quatro séries do supino, enquanto o nosso estudo utilizou apenas uma série de RM pós‐alongamento. Desta forma, nossos dados não permitem inferir sobre possíveis efeitos em séries sucessivas.

No que diz respeito aos métodos de mensuração da força muscular, os estudos que verificaram os efeitos dos exercícios de alongamento sobre a força realizaram testes de carga máxima. Tricoli et al. 5 avaliaram os efeitos do alongamento em função de 1 RM, e Ribeiro et al. 15 e Franco et al. 14 realizaram testes de 1 RM, e a partir do teste calcularam a carga para 80 e 85% de 1 RM para os indivíduos, respectivamente. Dados do nosso laboratório sugerem que os praticantes de treinamento de força não costumam treinar com cargas máximas para um pré‐determinado número de repetições no cotidiano. Desse modo, resolvemos adotar como parâmetro a carga que habitualmente os praticantes utilizavam em suas rotinas de treinamento.

Como podemos observar, a literatura tem‐nos mostrado que séries fracionadas totalizando 60 s, com um ou dois exercícios de alongamento, sejam estáticos ativos ou passivos, parecem não diminuir a capacidade de gerar força. Em contrapartida, ainda não há um consenso sobre as séries contínuas. Franco et al. 14 observaram que 1 × 40 s de alongamento estático passivo prejudica a força no supino reto, enquanto nosso estudo mostrou que 1 × 60 s de alongamento estático passivo não proporcionou comprometimento funcional. Sendo assim, as séries fracionadas parecem ser a melhor alternativa para os praticantes que queiram alongar antes do treinamento de força.

Em última análise, em que pese a redução estatisticamente significativa do número de RM executadas pós‐alongamento observada em alguns estudos, é possível que, na prática, esse efeito não seja percebido, visto que os praticantes deste tipo de treinamento não costumam utilizar RM. Portanto, podemos especular que, mesmo após um alongamento que induzisse perda de força (cerca de uma repetição a menos), os indivíduos conseguiriam atingir seu número de repetições programadas, pois a redução da performance é relativa à carga máxima e os treinos são baseados em cargas submáximas.

Uma possível limitação do estudo foi a utilização de um único exercício de alongamento, uma vez que o exercício testado foi multiarticular. Contudo, para preservarmos a variável independente e, consequentemente, não perdermos o controle da mesma ao aumentar o número de exercícios e o tempo total de duração do alongamento, optamos por adotar apenas um exercício de alongamento. Além disso, Ribeiro et al. 15 não encontraram diferenças significativas na força mesmo utilizando dois exercícios de alongamento unilateral, ainda que o tempo de duração tenha sido de 30 s para cada membro. Ao nosso melhor conhecimento, não encontramos na literatura científica evidências que sugerem a quantidade ideal de exercícios de alongamentos, merecendo um maior esclarecimento em estudos futuros. Sendo assim, dentro das premissas analisadas, o nosso método atendeu as recomendações do tempo total de alongamento para o mesmo grupo muscular.

Outra possível limitação aconteceu na dose‐resposta do exercício de alongamento, porque utilizamos a subjetividade (sensação de leve desconforto) para determinar a intensidade do alongamento. No entanto, essa também é uma recomendação dos estudos que avaliam a intensidade do exercício de alongamento, além de ser uma estratégia bastante utilizada na prática do cotidiano.

Sendo assim, concluímos que executar um exercício de alongamento estático passivo durante 60 s, seja ele fracionado ou contínuo, não diminui o desempenho no teste de RM em relação à condição sem alongamento prévio.

Responsabilidades éticas Proteção de pessoas e animais

Os autores declaram que os procedimentos seguidos estavam de acordo com os regulamentos estabelecidos pelos responsáveis da Comissão de Investigação Clínica e ética e de acordo com os da Associação Médica Mundial e da Declaração de Helsinki.

Confidencialidade dos dados

Os autores declaram ter seguido os protocolos do seu centro de trabalho acerca da publicação dos dados de pacientes.

Direito à privacidade e consentimento escrito

Os autores declaram ter recebido consentimento escrito dos pacientes e/ou sujeitos mencionados no artigo. O autor para correspondência deve estar na posse deste documento.

Conflito de interesses

Os autores declaram não haver conflito de interesses.

Referências
1
F. Ayala,P. Sainz de Baranda,A. Cejudo
El entrenamiento de la flexibilidad: técnicas de estiramiento
Rev Andal Med Deporte., 5 (2012), pp. 105-112
2
F. Ayala,M. de Ste Croix,P. Sainz de Baranda,F. Santonja
Acute effects of two different stretching techniques on isokinetic strength and power
Rev Andal Med Deporte., 8 (2015), pp. 93-102
3
C.E. Garber,B. Blissmer,M.R. Deschenes,B.A. Franklin,M.J. Lamonte,I.M. Lee
American College of Sports Medicine position stand. Quantity and quality of exercise for developing and maintaining cardiorespiratory, musculoskeletal, and neuromotor fitness in apparently healthy adults: Guidance for prescribing exercise
Med Sci Sports Exerc., 43 (2011), pp. 1334-1359 http://dx.doi.org/10.1249/MSS.0b013e318213fefb
4
J. Kokkonen,A.G. Nelson,A. Cornwel
Acute muscle stretching inhibits maximal strength performance
Res Q Exerc Sport., 69 (1998), pp. 411-415 http://dx.doi.org/10.1080/02701367.1998.10607716
5
V. Tricoli,A.P. Paulo
Efeito agudo dos exercícios de alongamento sobre o desempenho de força máxima
Ativ Fís Saúde, 7 (2002), pp. 6-13
6
A.G. Nelson,J. Kokkonen,C. Eldredge
Strength inhibition following an acute stretch is not limited to novice stretchers
Res Q Exerc Sport., 76 (2005), pp. 500-506 http://dx.doi.org/10.1080/02701367.2005.10599324
7
P. Magnusson,P. Renström
The European College of Sports Sciences Position statement: The role of stretching exercises in sports
Eur J Sport Sci., 6 (2006), pp. 87-91
8
A.D. Kay,A.J. Blazevich
Effect of acute static stretch on maximal muscle performance: A systematic review
Med Sci Sports Exerc., 44 (2012), pp. 154-164 http://dx.doi.org/10.1249/MSS.0b013e318225cb27
9
American College of Sports Medicine
Diretrizes do ACSM para os testes de esforço e sua prescrição
Guanabara Koogan, (2010)
10
A.S. Ribeiro,M. Romanzini,B.J. Schoenfeld,M.F. Souza,A. Avelar,E.S. Cyrino
Effect of different warm‐up procedures on the performance of resistance trainig exercises
Percept Mot Skills., 119 (2014), pp. 133-145 http://dx.doi.org/10.2466/25.29.PMS.119c17z7
11
N.C. Mascarin,R.L. Vancini,C.A. Lira,M.S. Andrade
Stretch‐induced reductions in throwing performance are attenuated by warm‐up before exercise
J Strength Cond Res., 29 (2015), pp. 1393-1398 http://dx.doi.org/10.1519/JSC.0000000000000752
12
A. Fukutani,S. Takei,K. Hirata,N. Miyamoto,H. Kanehisa,Y. Kawakami
Influence of the intensity of squat exercises on the subsequent jump performance
J Strength Cond Res., 28 (2014), pp. 2236-2243 http://dx.doi.org/10.1519/JSC.0000000000000409
13
T.K. Evetovich,D.S. Conley,P.F. McCawley
Postactivation potentiation enhances upper‐ and lower‐body athletic performance in collegiate men and female athletes
J Strength Cond Res., 29 (2015), pp. 336-342 http://dx.doi.org/10.1519/JSC.0000000000000728
14
B.L. Franco,G.R. Signorelli,G.S. Trajano,C.G. de Oliveira
Acute effects of different stretching exercises on muscular endurance
J Strength Cond Res., 22 (2008), pp. 1832-1837 http://dx.doi.org/10.1519/JSC.0b013e31818218e1
15
A.S. Ribeiro,M. Romanzini,D.F. Dias,D. Ohara,D.R.P. da Silva,A. Achour Jr.
Static stretching and performance in multiple sets in the bench press exercise
J Strength Cond Res., 28 (2014), pp. 1158-1163 http://dx.doi.org/10.1519/JSC.0000000000000257
16
T.J. Carroll,V.S. Selvanayagam,S. Riek,J.G. Semmler
Neural adaptations to strength training: Moving beyond transcranial magnetic stimulation and reflex studies
Acta Physiol (Oxf)., 202 (2011), pp. 119-140 http://dx.doi.org/10.1111/j.1748-1716.2011.02271.x
Autor para correspondência. (S. Barbosa‐Netto barbosa.netto@yahoo.com.br)
Copyright © 2016. Consejería de Turismo y Deporte de la Junta de Andalucía